quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Releitura da Poesia "O Navio Negreiro" de Castro Alves






I
Estamos em alto mar
Com brancos, negros e mulatos
Aqui existem vários tipos de pessoas
Inclusive amarelo, vermelho e pardo.

 Estamos em alto mar
As estrelas brilham em cor de ouro
Em troca, o mar acende as águas
Em um brilho dourado.

 Estamos em alto mar
A caminho do inesperado
Sem saber onde vamos
Muito longe do almejado.


Durante a viagem
Vejo a vida passar
Enquanto isso,
Estamos aqui, sem saber, para onde iremos
Ou o que vamos encontrar.


Aqui, nesta triste vida
todos acorrentados
com seus sonhos arrancados
pelas ondas carregadas.

II
Homens marinheiros sem berço sem casa
traficando seus negros
nos navios e nas suas barcas.

Negros se perdem em alto mar
esquecendo seus costumes, famílias
perdendo o direito de amar.

Na hora da venda
são separados em grupo
Nos seus corpos passam óleos
para escolher através de seus músculos
o perfil ideal de força bruta no trabalho
Na hora do castigo, chicote pra lá, chicote pra cá
lembranças de sua terra, sua alma começa a chorar.

Depois do castigo
o trabalho deve continuar
pois se não ficar bem feito
para o tronco irá voltar.

Depois de muito tempo
de sofrimento e de castigo
voltam para a senzala
ao lado de seus verdadeiros amigos.

Quando chega o dia de festa
começa a capoiera
depois de muito correr, cantar
do chão começa a poeira levantar.

Depois de serem tratados como animais
são libertos e arrebentam-se as correntes da senzala,
mas não se rompem com as correntes do preconceito
seguem um novo trajeto, ao invés do mar
é um caminho de chão, lutando pela dignidade de homem
que os anos de escravidão lhe roubaram.

III
No oceano um navio a navegar,
em cima das águas a brilhar
com muitas tristezas a apresentar,
pessoas brancas batendo em pessoas negras,
que horror, isso é constrangedor.

Negros dançando ao luar
com mulheres semi-nuas a dançar
crianças magras a brincar
com olhares sorridentes a cantar.

Muitas mortes para se libertar,
do mal que irá tirar.
Ao chegar em terra firme,
com um só objetivo
de poder ver o Sol e a Lua ao respirar.

Mesmo sem suas famílias,
nunca deixariam de viver.
Acreditando em deuses, até amanhecer.

Todos nascem com um só coração
por fora somos diferentes, mas por dentro não.

IV
No navio os negros são espancados
e maltratados no porão,
que mais parece uma maldição.

No porão do navio
os negros passam frio,
famintos eles deliram e enloquecem
com seus gritos e preces.

Os brancos para sua força mostrar
colocam os negros no tronco para apanhar.

Enquanto a revolta acontece
a liberdade mais perto parece,
e a vingança mais parece
uma carta de alforria.

V
Senhor Deus dos miseráveis
Diga-me, Senhor Deus!
Se é delírio ou realidade
Tanto horror perante os seus?!

Quem são esses miseráveis
que em meio de tanta maldade
sofrem com a escravidão?!

São os filhos da África
uma terra iluminada, onde vivem as manadas
e as tribos dos homens nus.
Ontem homens fortes e bravos
hoje míseros escravos da discriminação.

São mulheres desgraçadas
como Agar foi também
que sedentas e cansadas
de longe, bem longe vem.
Trazendo com tépidos passos
filhos e correntes nos braços
na alma lágrima e amargor.

Senhor Deus dos miseráveis
diga-me, senhor Deus!
Se é delírio ou realidade
tanto horror perante os seus?!

VI
Esse povo que empresta seus país
tenta de algum modo, disfarçar tanta covardia.
Que gente é essa?
Que sofre uma grave humilhação.
Este povo chora e chora tanto.

Verde e amarela
essa é a bandeira de minha terra,
que ao fim de uma guerra
a luz do Sol encerra.
Que após o fim de uma guerra
foi mostrando seus heróis,
de um povo que morreu lutando.

Sem piedade esmaga e apaga
assim o navio de Colombo
nas ondas de mar alto,
mas é ignorante demais.

Do país celeste mostra os heróis
do novo mundo
José Bonifácio arranca a bandeira da escravidão nessa nação.
Colombo, feche a porta da escravidão na América.

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